“Ruim era convencer as mãos de sonho a se mexerem”. Com frases dessa riqueza fui conduzida pelo livro Fiados na Esquina do Céu com o Inferno, do Eury Donavio. Comecei a ler, parei e, quando voltei, a leitura correu rápida. Ligeira. Ainda estou contaminada pelo palavreado do livro. É um mergulho gostoso e engraçado. Não me lembro se outro livro me fez rir tanto. Costumo grifar passagens bonitas. Neste, além das belezas, marquei todos os momentos que me fizeram rir. Agradeço por eles, neste contexto de poucas risadas em que estamos vivendo. O livro nos dá o que promete. Tudo é levado a cabo enquanto o autor se arrisca num tema difícil, para os corajosos: a esquina do céu com o inferno. Porque se vida fosse uma dicotomia simples entre o bem e o mal, seria mais fácil fazer as contas e os acertos. O livro tritura qualquer maniqueísmo possível. É sensível na construção da história de um homem sem paciência nenhuma: a escola que ele deixa de frequentar, a mãe que ele abandona, a sorte e a má sorte dos encontros, todos nesse limiar, na esquina. E, nesse mesmo lugar, acontecem as mortes que não choramos e as ruindades que a gente admira. Eury, ler seu livro me trouxe grande alegria e muitos pensamentos.
Tiago Novaes
Anita Deak
Andrea Berriell