Nos encontramos numa sexta à noite, todo mundo cansado, desmemoriado e estarrecido. Talvez, todos estivessem buscando esperança no meio da leitura de um livro e da troca de ideias sobre ele. Brasília, Curitiba, Campo Grande e Fortaleza. Falamos sobre o que um autor russo fala da gente. Sobre como a escrita sucinta dos contos de Tchékhov nos chega grande, nos comove e inspira. Descobrimos o sentimento que não se nomeia, mas que pode ser descrito pelo olhar de uma cadela ou de uma criança. Passamos pela beleza de uma descida de trenó que voa como uma bala. Compartilhamos as surpresas irônicas, os diálogos e um narrador que some. Some e nos deixa com a cena. A cena de um texto político. Um autor que nos dá tudo sem explicar nada. Que, com poucas palavras, nos infla. E inflados falamos da nossa escrita, do feminino e do masculino, da nossa fase e de nossos planos. Tivemos novas ideias também. Não sei se terminamos menos cansados, desmemoriados e estarrecidos. Mas acho que fomos dormir mais contentes.
Tiago Novaes
Anita Deak
Andrea Berriell