O peso do pássaro morto

Aline Bei

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Do livro da Aline Bei gostei logo de cara: o título. Que tem a ver com minha amiga e escritora Andrea Berriell, que tem uma história com pássaros mortos e tínhamos falado disso naqueles dias em que vi o título. Ela tinha até colocado um pássaro morto numa caixa e vi a foto. Daí entrei em contato com a Aline, para comprar o livro. Ela é um doce de pessoa, o que conta para isso de ir com o livro logo de cara. Na dedicatória ela desejou que ele me fizesse a mesma companhia que uma música faz, e eu gosto mesmo da companhia de uma música e ela acertou nisso também. Bem, ao folhear comecei a ouvir. Gostei da estrutura e aquelas notas me atraíram para a leitura e falo isso porque não é sempre que acontece. A capa rosa, pink, fúcsia, não importa. O tamanho das letras. Havia uma harmonia. Comecei a ler num final de semana difícil. A delicadeza da escrita soou aguda e grave em mim. Bateu daquele jeito que bate uma música que a gente nunca ouviu e que passamos a adorar. Como ela conseguiu falar disso com tanta suavidade? Nossas meninas de oito anos se encontraram e pude ouvir aquela criança como quem ouve a si mesma. Nesse encontro a personagem sussurrou a dor profunda da vida e da morte com beleza estética. Aline mantém isso ao falar do que uma mulher sente e, se não sente, compreende. Não vou conseguir expressar a beleza da obra, quem faz isso é ela. Mas estou aqui porque terminei o livro e ainda escuto seu ritmo, sua voz. Obrigada, Aline,
queria te agradecer, acho que é isso.

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Baleias no Deserto

Tiago Novaes

4/5
Falávamos do fim do mundo no meio da pandemia. Câmeras. Eu, Tiago Novaes e Andrea Berriell. Ele já tinha um projeto de escrita no qual queria mergulhar – e experimentar a psilocibina. Já tinha lido um monte de coisas a respeito. Vamos para o México? No meio da pandemia? Será que na Chapada dos Veadeiros não tem? Tava todo mundo em crise. Crise conjugal, o mundo estava virando e tínhamos medo de morrer de COVID. Algo em comum nos salvava: o projeto da revista e os ensaios que estávamos escrevendo.
4/5
Anita Deak mostra como a linguagem literária é poderosa e como cabe coisa dentro dela. Cabe uma vida, duas ou três, uma floresta inteira, povos e comunidades e a luta política ocorrida na ditadura militar brasileira.
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Roxo

Andrea Berriell

4/5
Ouvi vozes, sonhei e acordei suada no meio da noite. Não eram quatro, mas cinco investigadoras: estive o tempo todo dentro do livro. E o livro dentro de mim. Gozo. Sangue. Infância, injustiça social, traição, inveja, amor.